sábado, 25 de novembro de 2017

Todo mundo tem um/a empreendedor/a raiz do lado. Valorize-o/a!

No cenário underground das bandas, principalmente as de rock, existe uma constante crítica de que as pessoas pagam um ingresso caro para ver bandas que tocam covers e não pagam R$ 2,00 no ingresso do show da banda autoral. Isso meio que acontece no meio empreendedor.

De antemão, informo que não estou julgando quem vai para eventos de grandes nomes bem sucedidos no meio empreendedor e que vive à caça destes eventos com estas pessoas. A minha intenção é provocar aqueles que gostam de empreendedorismo de que existem vários cases de sucesso do seu lado. E sucesso não quer dizer, necessariamente, milhões na conta.

Comecei a ficar incomodado desde que comecei a ver pessoas gastando dinheiro para ver outras falando de sua história de sucesso como se fossem dar a fórmula mágica do enriquecimento e seguido de um “se eu consegui, você consegue!” e isso meio que se torna um mantra a ser obedecido cegamente. “Visse o que fulano falou sobre isso? É isso que tem que ser feito!”. Daí, se puxa que não são todos os que vendem a história do sucesso iminente que realmente começaram do zero. Uns eram concursados ou alguém na família tinha alguma condição ou um negócio para ser conduzido. Claro que isso não é regra geral, mas chega a ser injusto com aquelas pessoas sedentas por saber notar que seu “heroi” não tem tantos poderes assim.

Do outro lado da ponta está o cara que tem uma ideia, levou um monte de porrada para que sua ideia não ficasse apenas no imaginário, se desdobrou em saber mais (incluindo aprender com as pessoas do parágrafo anterior), viu o cenário e...colocou o barco no tumultuado mar do mercado. 95% das startups morrem nos primeiros dois anos de fundação. Primeiro o desafio é sobreviver a esse período para depois ser considerado “gente”. Daí, a lista de coisas a ser superadas aumenta.

Burocracia, captar clientes, mostrar a marca, melhorar produtos, muitos gastos e pouca entrada que resultam em menos fins de semana de descanso, menos tempo com as pessoas que gosta, contar os quilômetros para ver se o carro chega, deixar aquela roupa para ser comprada para mais tarde. É a hora de um cenário não tão agradável, mas necessário para que se consiga o sucesso, seja ele qual for.

Então, porque um é ultra valorizado e o outro invisibilizado? É óbvio que todos querem conhecer o case de quem já ganha dinheiro, mas, provoco o exercício de passarmos a olhar com o mesmo brilho do milionário, o empreendedor que está do nosso lado tentando crescer e fazer o seu produto algo que vá fazer diferença na vida das pessoas. Talvez, ele tenha algo a ensinar que, de fato, vá nos impactar e dar força para seguir em frente. Afinal de contas, a essência do empreendedorismo não é trazer algo novo para impactar na vida das pessoas? Lembremos que, muitos dos primeiros citados estiveram na condição dos segundos durante muito tempo.


Em tempos difíceis, a união deve estar em todos os cenários. O que trago aqui é: Valorize aquele seu amigo que tem uma ideia e está na correria para que ela se desenvolva. Valorize aquela conhecida sua que está arrancando os cabelos para validar um produto que pode ajudar pessoas. Valorize aquele grupo de pessoas que divide a gasolina para ir apresentar o trabalho em algum evento. Eles e elas estão mais próximos de você do que seu ídolo. Um não precisa estar por cima do outro.

Francisco Rodrigues
Vice-presidente do Movimento Tapioca Valley

terça-feira, 25 de abril de 2017

Mestre Bimba: O empreendedor da capoeira.

Muita gente associa a questão do empreendedorismo com abrir o próprio negócio e ser seu próprio patrão. Esquecem que empreender é mais que isso. Além da capacidade de gerir projetos , há a perspicácia de poder ver oportunidades em situações. Nisto, entra a figura de Manoel dos Reis Machado. Para a história, Mestre Bimba.

Mestre Bimba nasceu em Salvador em 23 de novembro de 1900. Iniciou na Capoeira aos 12 anos sob os ensinamentos de Bentinho, um africano capitão da Companhia de Navegação Baiana que lhe passou os ensinamentos da capoeira Angola. E, aos 28 anos, Bimba revoluciona a Capoeira. Entra aí a visão empreendedora título deste texto.

A Capoeira Angola se caracteriza por movimentos lentos, pela mandinga e pelo jogo mais próximo do chão. Por achar este tipo de jogo muito folclórico e pouco efetivo, Bimba desenvolve um estilo de capoeira diferente. Com base no Batuque (luta a qual seu pai era um grande lutador), misturada com sua criatividade e sua bagagem de quase 20 anos da arte, surge a “Luta Regional Baiana”, o que seria, mais para frente, a conhecida Capoeira Regional.


Em um país onde ser capoeirista ainda era crime e o ensino se dava nas esquinas ou no mato, Bimba foi o primeiro a desenvolver um método de ensino próprio e executá-lo em um local fechado. Fora isso, outras especificidades eram próprias da Capoeira Regional. Não se poderia ser aluno de Bimba se não trabalhasse ou estudasse. Os alunos eram preparados para se defender em qualquer situação, incluindo armas de fogo. Esta relação do Mestre com seus alunos era outro ponto importante na metodologia. Havia uma relação de pai e filhos, o que fazia que o respeito pelo mestre e a devoção à capoeira impedisse que se usasse esta arte como arma ou para exibição própria.

Como se diz no meio, Bimba “levantou a capoeira”. O jogo que era mais baixo e mandingueiro ganhou ares de luta e com movimentos mais eficazes, incluindo as acrobacias. A imagem atribuída erroneamente aos capoeiras de vagabundos, passou a se modificar com as exigências do Mestre da Regional.

Além de ver estas lacunas na Capoeira jogada anteriormente, Bimba também criou tipos de toques que, além de ditar o ritmo da roda, eram mensagens ao que acontecia próximo à roda. Enquanto a Capoeira Angola tem toques mais lentos e que mantém o jogo no chão, variando apenas no São Bento Grande de Angola, a Regional traz 7 toques (Amazonas, Cavalaria, Santa Maria, Banguela, Idalina, São Bento Grande do Mestre Bimba e Iúna) de variadas situações. As características destes toques vão desde ditar o jogo, passando por selecionar quem pode ou não entrar na roda, até avisar sobre perigos externos (herdando as necessidades de atenção da época da escravidão).

Agora falemos de empreendedorismo. Na verdade, levantemos questionamentos sobre tal. Quem teria coragem em modificar uma cultura vinda de ancestrais e uma representação cultural que se tornou resistência para um povo? Criar uma série de novos movimentos, toques e costumes que antes não eram vistos é uma tarefa fácil? Se este tipo de postura e ação não é uma prática empreendedora, o que seria?

Se Mestre Bimba não tivesse se inquietado com o que já existia há tanto tempo, o que seria da capoeira hoje?

Por isto, o legado do Mestre Bimba irá transpassar o tempo. Porque a inquietação, visão, ousadia, foco, perseverança e sabedoria dele foram fundamentais para transformar a capoeira.Administrar pessoas com personalidades e vontades diferentes e isto não influenciar diretamente no desempenho do projeto maior é algo que exige um nível de administração que não se aprende em faculdades. Estimular a criatividade diante de algo que se passa em gerações, apenas os diferentes fazem. E todos podemos ser diferentes. Exemplos assim devem nos fazer pensar no que existe hoje e que nos inquieta e que temos capacidade de melhorar. Todos somos capazes! Ao ver a oportunidade, Bimba se mexeu.

E você?


Como se diz na capoeira: Salve, Capoeira!


sexta-feira, 29 de julho de 2016

Borjas, Libertadores, FIFA e um Continente esquecido.

E a competição desejada por clubes da América teve fim na última quarta (27/06) quando o Atlético Nacional de Medellín se sagrou campeão em casa após vencer o Independiente Del Valle do Equador.

Como sempre, estádio cheio. Público inflamado! Gritos de incentivo constantes como todos os estádios da América Latina tem como características suas. Um espetáculo à parte.

Mas, depois da final vem a reflexão: provavelmente (espero estar errado), nenhum desses jogadores vai ser lembrado na premiação de melhores do mundo da FIFA, órgão que deveria regular o futebol no MUNDO TODO. Será que, durante uma competição desse porte, que pode sair o campeão mundial de clubes não há 1 único jogador que deva ser lembrado?

"Mas a premiação é para toda a temporada! Os caras 'só' ganharam isso!" pode dizer o defensor da entidade. Mas, desde quando ela acompanha os campeonatos nacionais da América (principalmente, do Sul)?

Lembro de um ano em que Romário, quando estava no Vasco, estava engolindo a bola. Foi artilheiro do campeonato, foi cotado pra Copa do Mundo (não foi por questões com o técnico), mas na premiação da Bola de Ouro, sequer foi lembrado. Não falo de ser o melhor do mundo. Mas alguém deveria citar o cara que tava fazendo gol até quando não estava em campo no maior país da América do Sul e no campeonato mais difícil do mundo.

Isso remete que a América do Sul ainda é, no quesito futebol, mecanismo ativo do processo de colonização que só havíamos estudado nos livros de História. Temos as matérias primas e as desenvolvemos bem, daí, vem os europeus, levam o que temos de melhor para lá e ficam com o crédito e os frutos do que produzimos.

Não tem sido diferente nos últimos anos. Já é lema que o jogador para ter sucesso tem que sair do Brasil. Se ele não for pra Europa, jamais terá status de grande jogador. Por isso que o primeiro "Não" de Neymar à uma proposta de um gigante europeu rendeu tanta polêmica.

Mas, por que isso? Por que os nossos tem que ir pra lá para crescerem. Por que as portas se fecham por continuarem em seus clubes? Por que as premiações até vem para latino americanos (já que os norte americanos estão mais para o football do que para o Soccer) mas não quando estão no seu continente? Porque não ganharam uma UEFA Champion League contra times bilionários e só ganharam Libertadores com estádios fervendo e, às vezes, gramados nem tão tapetes quanto os de lá, é isso?

Espero ficar vivo para ver essa lógica mudar. Vejo horizonte quando europeus vem pra cá pra o nosso futebol, assim como Seedorf fez (e foi esquecido pelos holofotes do mundo de lá). Mas o caminho é longo e difícil.

Encerro com o exemplo de Miguel Borja, atacante do Atlético Nacional que fez 5 gols em 4 jogos e foi o nome da reta final da Libertadores. Não estou dizendo que ele será o Ballon D'Or dessa temporada,mas, mesmo que tivesse acabado com a Libertadores, nem lembrado seria.

Mas o futebol ainda respira!


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Percepção de quem viu o mundo lá de cima pela primeira vez!

Protelei um monte pra escrever esse texto, mas agora a coragem apareceu. Comecei a pensar nisso a partir de uma nova experiência que eu tive.

Em dezembro, realizei a minha primeira viagem de avião. Não! Não estava tão calmo quanto estou agora digitando esse texto 1 mês depois. Pensava que o avião ia cair, que eu era mole por isso acontecer na primeira viagem, pensava por onde poderia fugir e mais um monte de coisas mirabolantes que nem sei como apareceram na minha cabeça.

Até que a decolagem foi autorizada!
Foto tirada lá de cima por mim

Nessa hora veio um misto de ansiedade, medo e mais um monte de coisa que não consigo descrever. Daí veio a melhor sensação que tive com aquela velocidade e com o avião ganhando altura. Somou-se a tudo um fascínio incrível pela nova visão de mundo que estava diante dos meus olhos pela primeira vez.

E ai vem a minha intenção do texto. Posso estar sendo vago e leigo nas minhas colocações, mas são percepções. E não estou trazendo um caso pontual como regra geral, só fazendo um questionamento.

Ainda tento entender o porquê de alguém se preocupar em ligar o celular ou tablet assim que é autorizado em um avião, tendo uma imensidão de mundo na janela, visto de um ponto em que não se vê todo dia?

Admito que tem pessoas que viajam diariamente e isso é algo muito normal. Admito que tem pessoas que tem medo de altura (nessa hora eu já estava mais corajoso). Mas não consigo entender como trocar uma beleza como o mundo, pela tecnologia.

De lá de cima, consegui perceber o quão pequeno somos e o quanto o podemos nos desapegar do mundo material e com todas aquelas complexidades sociais que vivemos todo dia.

Na sinceridade, não trocaria a oportunidade de olhar o céu e os pontinhos que chamamos de cidades pra olhar pra um aparelho que vejo toda hora. Apreciar essas coisas, em oportunidades que não são corriqueiras, dá uma revigorada na gente.

Sei que estou falando como alguém que pegou 2 voos que, somando tudo, deu cinco horas. Não como aqueles que vão todo dia e que pegam vários voos de 10 horas seguidas e etc. Mas foi uma percepção!


Essa, eu espero, que a experiência não me tire!

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Histórias que eram fantasiosas, mas logo podem se tornar realidade!

"João era um homem comum. Trabalhava o dia todo, tinha sua casinha, esposa e dois filhos pequenos. Vivia tranquilamente a vida que tinha planejado.
Ele costumava descansar nos fins de semana na varanda de casa. Em um dia desses, altas horas da noite, seu vizinho liga o som de seu carro na máxima altura para curtir a festa com os amigos. Como havia assustado seus dois filhos que dormiam, João foi pedir para que o mesmo desligasse o som, já que já se passava do horário permitido.
Os dois discutiram. Seu vizinho tinha uma arma. João tomou um tiro e morreu, deixando mulher e filhos. Seu vizinho fugiu."

"Thiago era um jovem rapaz que gostava de andar na noite. Sempre foi muito namorador, algo natural de sua idade. Em uma das festas, ele viu uma jovem sozinha que ele achou atraente. Quando começou a conversar com ela, seu namorado chegou e começou a discutir com Thiago. Eles brigaram e Thiago foi alvejado com um tiro pelas costas de um dos amigos do namorado. Afinal de contas, quem mandou mexer com mulher acompanhada. Thiago ficou tetraplégico. O atirador fugiu."

"Edson tem 3 filhos. Por ter crianças em casa e eles morarem em um lugar esquisito, ele comprou uma arma para se defender. Um certo dia, ele recebe uma ligação de casa dizendo que havia acontecido uma tragédia. O filho mais velho achou a arma que ficava em cima do guarda roupas e mostrou aos irmãos como o herói do filme faz. A arma disparou. O mais novo morreu. Junto se foi uma família."


Alguns podem pensar que estou exagerando ou me fazendo de coitado, mas com a liberação das armas, vemos o risco iminente dessas e outras situações fúteis do cotidiano acabarem em tragédia pela falsa sensação de proteção.

Também é importante frisar que o valor de uma arma supera os R$ 2 mil reais. O cidadão que tanto clama por armas porque quer se "proteger", não terá como ter acesso a uma. Ou vai deixar de fazer feira pra comprar uma? Ou vai comprar do mercado ilegal, ou seja, de bandido? 
Quem, de fato. se beneficia com isso é a elite. Aquela mesmo que não é presa. E também acha dona do mundo ao ponto de atirar em quem quiser. Duvida? Queimaram um índio uma vez e ninguém foi preso. Imagina com armas!

O problema não é só o bandido com arma, mas a banditização do cidadão de bem! Aquele que quer viver sua vida. Se antes, eles roubavam e levavam o que você tinha, agora eles atiram e depois levam. Vai que você tem uma arma também,né?

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Porque a pena de ninguém é perpétua!

Antes que achem que estou escrevendo texto para defender bandido e que bandido bom é bandido morto, pode mudar de blog.
Não! Também não estou defendendo a impunidade e dizendo que ninguém deve ser preso quando comete crime.

Vamos direto ao assunto! Peguemos aqui o cenário de um jovem que comete algum crime. Ele vai preso. Quando tem sorte, tem uma pena colocada, a cumpre e...o que acontece depois? A pena é cumprida e o que se vê é uma grande interrogação!

O sujeito levantado em questão é o jovem em medida sócio educativa. Ou seja, aquele que comete um crime e não vai pra o presídio, mas, para uma unidade de ressocialização com uma pena de até 3 anos.

Esse jovem quando sai da unidade se vê jogado novamente na cova dos leões. Normalmente, voltando para o mesmo cenário que o colocou na unidade citada anteriormente. De encontro com "colegas" e pessoas que mais destroem do que contribuem. E o que é mais preocupante, ele terá eternamente a alcunha de ex-detento. 

O que acontece depois? Mais um engrossando a estatística de 70% de reincidência em crimes e que voltarão para o encarceramento até chegar um ponto que não haverá mais volta.

Mas, será que estamos fazendo certo em não tentar dar uma segunda chance para esses jovens? Entendo perfeitamente que, às vezes, um certo número não aceitará ajuda para se reinserir na sociedade, mas devemos somente fechar as portas sem tentar ou generalizar achando que todos são perdidos, como muitos costumam citar?

Essa pergunta nos faz refletir anos e anos de culturas impostas e estereótipos levantados de maneira a nos deixar acomodados em nosso mundinho. Ninguém quer a mudança, mas estamos chegando a um ponto que precisamos agir. Temos a 4ª maior população carcerária do mundo e a grande maioria é composta por jovens. Com isso, temos alguns caminhos a traçar: 1. esquecer que eles existem;  2. exterminar todos ou 3. tentar fazer algo para que, pelo menos, um possa voltar com sua vida sem discriminação.

A alternativa da inércia não parece muito útil, uma vez que a violência não para de subir e a sensação de desproteção do/a cidadão/ã aumenta dia a dia. Já se foi provado que prender mais não resolve o problema. Então, o que vamos fazer?

Geralmente, os que mais podem contribuir são os que mais brandam que "bandido bom é bandido morto". Pena que ele não deseja a morte de todos, mas isso é papo para outro post. 

Quero encerrar essa discussão de momento com algumas questões:
1- Então, todos os que cometem algum tipo de infração merecem ser punidos de maneira igual? Ou seja, alguém punido por furto deve ser tratado do mesmo modo de um estuprador, traficante, estelionatário ou quem desviou recursos públicos? Quais deles são mais passíveis de ressocialização?
2- Será que, se dermos uma chance, todos trairão essa confiança e teremos que perder a fé na humanidade?
3- Se mostrarmos um caminho, as ferramentas e o que pode ser feito a um jovem que saiu de uma medida sócio educativo, teremos 100% de perda de tempo?

Repito: Não estou tratando como coitadinho, nem, tampouco, defendendo quem cometeu um crime. Eles devem pagar, sim! Mas não somos juízes para impor penas a mais do que o que foi colocado, afinal de contas, a pena de ninguém é perpétua.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sabe aquele adolescente que acha que já viu tudo no mundo com 15 anos? O Brasil tá assim!

Vamos ser diretos no assunto?

Sabe aquele/a adolescente que acha que já viu tudo no mundo com 15 anos?
Que viu o/a menino/a que gosta com outro/a e já acha que o mundo não tem mais razão pra existir ou que se o pai ou a mãe pede para ele/a fazer algo em casa pensa que está sendo explorado/a e quer sair de casa pra sempre?


Pronto! O Brasil parece que tá indo no mesmo caminho!
Por que falo isso?

Além do cenário de crise que temos em nosso país, tanto econômica, quanto política, temos também uma crise de intolerância ideológica. Mas não no sentido de que as pessoas estão mudando seus pensamentos a toda hora, mas na questão de que o contrário a mim deve ser banido.

Estamos quase em tempos de barbárie quando se começam debates que devem ser produtivos. Basta ficar alguns momentos nas redes sociais para ver o ódio que está sendo destilado à várias representações políticas, em especial, à Presidente da República. Não vou entrar no mérito de defendê-la ou não. Mas o fato de se ter uma briga por conta de posicionamento é algo que deve preocupar aos brigantes e não brigantes.

Por causa disso, entro no assunto em questão: Quanto tempo de democracia plena nós temos para arrotar tanto ódio e ter tanta certeza da verdade? 

Na prática, nosso tempo de democracia é muito curto para acharmos que descobrimos a fórmula do sucesso e da igualdade social, contemplando as classes sociais e dando a todo mundo direitos iguais. 

Infelizmente, comparamos muito a nossa situação ao que acontece em outros países que: 
1º Estão em um Estado democrático a muito mais tempo que nós;
2º Tem seu território e população infinitamente menor que o brasileiro, com suas dimensões continentais.

Peguemos a Noruega como exemplo. Este país foi considerado o mais democrático do mundo segundo o Economist Intelligence Unit em 2013. O mesmo tem uma extensão territorial de 323.895 km² e população de 4.812.190 habitantes.

O Brasil tem uma extensão de 8 514 876 km² e uma população de aproximadamente 200.400.000 habitantes e só retomou seu processo democrático, após 21 anos de ditadura militar, com eleições diretas há 26 anos.


Dá pra comparar? 


Então, por que ficamos achando que somos donos da verdade e reis da cocada branca e preta quando trazemos realidades distintas para nossa? Será que lá tudo sempre foi uma maravilha? O que estamos fazendo para seguir no caminho de um país melhor?

Estamos engatinhando ainda e temos muito que aprender. Mas uma coisa é certa: não estamos indo no caminho certo. A partir do momento que alguém xinga outra por conta de sua ideia, tem algo errado! 


E...até quando vamos ficar assim?


Todos e todas tem o direito total de gostar ou não da Presidente, do governo, do partido, do cabelo, do tamanho dela, mas devemos respeitar a legitimidade daqueles/as que votaram nela. Isso se estende aos/as demais representantes eleitos legitimamente.

A defesa para os que concordam é o debate. Para os que não concordam, também! 

Já passamos do período de sangue. Vamos amadurecer e deixar de ser esse adolescente chato que pensa que sabe tudo no começo da vida. Ainda nem sabemos o que nos espera quando ficarmos mais velhos, mas devemos ser melhor do que estamos sendo.

A situação está difícil? Sim! Mas o meio de resolver não é hostilizando o que pensa diferente.

É triste ter escrito tudo isso falando o óbvio, mas é necessário que voltemos a pensar como humanos.